Escrito por POM
Sex, 01 de Junho de 2012 09:00
A Força da Oração
Comentário da Intenção Missionária do mês de junho de 2012
"Para que os cristãos na Europa redescubram a própria identidade e participem com entusiasmo no anúncio do Evangelho"
Comentário da Intenção Missionária indicada pelo Papa para o mês de junho de 2012, aos cuidados da Agência Fides (Roma)
Cidade do Vaticano (Agência Fides) – Nas últimas décadas, os países de antiga tradição cristã na Europa estão sofrendo uma forte crise de identidade. Em nível político, se pretendeu desarraigar a Europa de suas raízes cristãs. Além de ser uma traição da verdade da história, este ato constitui uma tentativa de criar uma Europa secularizada, sem qualquer referência a Deus nas constituições e na vida pública dos cidadãos. É inegável, como afirmou João Paulo II, que "a Europa foi amplamente e profundamente penetrada pelo Cristianismo" (Ecclesia in Europa, 24).
Para além das dificuldades externas, devem nos preocupar as dificuldades pelas quais passa a própria Igreja no seu interior. Infelizmente, muitos batizados na Europa não conhecem nem vivem sua fé católica, que parece que foi sufocada pelo respirar desta atmosfera de secularismo. No mesmo documento citado, os Padres constatam "a crise da memória e herança cristãs, acompanhada por uma espécie de agnosticismo prático e indiferentismo religioso, fazendo com que muitos europeus dêem a impressão de viver sem substrato espiritual e como herdeiros que delapidaram o património que lhes foi entregue pela história" (Ecclesia in Europa, 7).
Apesar de todas as dificuldades reais que existem, Jesus Cristo continua a ser ainda a nossa esperança. Viver sem Deus leva à falta de esperança. Por isso, a Igreja tem a convicção e a certeza apaixonada de ter que anunciar Jesus Cristo aos seus contemporâneos.
As dificuldades encontradas pela Igreja numa sociedade secularizada são também um chamado à coerência e à autenticidade. É claro que o Evangelho resulta convincente lá onde é vivido realmente. Não podemos deixar-nos tomar pelo medo por causa dos ataques e das perguntas que colocam em discussão a fé. Como dizia o Apóstolo Pedro na sua Primeira Carta: "Mas também, se padecerdes por amor da justiça, sois bem-aventurados. E não temais com medo deles, nem vos turbeis; Antes, santificai ao Senhor Deus em vossos corações; e estai sempre preparados para responder com mansidão e temor a qualquer que vos pedir a razão da esperança que há em vós (1 Pedro 3:14-15). Jesus Cristo ainda é a única fonte de esperança para todos os homens, e a Igreja é o canal através do qual chega aos nossos contemporâneos a graça que brota do seu traspasso.
O Papa Bento XVI, na sua peregrinação a Santiago de Compostela (Espanha), recordou que, sobretudo no século XIX, se pretendeu apresentar Deus como antagonista e inimigo da liberdade humana, para obscurecer a fé bíblica no Deus que mandou seu Filho ao mundo para que não perecesse. O Papa se perguntou: "Como é possível que se tenha feito silêncio público sobre a realidade primária e essencial da vida humana? Como pode o que é mais determinante nela ser limitado à mera intimidade ou relegado à penumbra? Nós homens não podemos viver nas trevas, sem ver a luz do sol. E, então, como é possível que se negue a Deus, Sol da inteligência, força das vontades e imã dos nossos corações, o direito de propor esta luz que dissipa todas as trevas? Por isso, é necessário que Deus ressoe jubilosamente no céu da Europa; que esta palavra santa nunca seja pronunciada em vão; que não seja invertida, fazendo-a servir para fins que não lhe são próprios. Deve ser proferida santamente. É necessário que a sintamos assim na vida de todos os dias, no silêncio do trabalho, no amor fraterno e nas dificuldades que os anos trazem consigo". (Homilia da Santa Missa, Santiago de Compostela, 6/11/2010)
Nós não escolhemos nascer neste momento da história. O Senhor nos colocou aqui e agora para sermos testemunhas do seu amor pelos homens. Não devemos cair na tentação do ativismo, mas, como Maria, devemos cultivar a vida interior e a união com Cristo. Os ramos não podem dar fruto se não estiverem presos ao tronco. Paulo VI afirmava que o homem contemporâneo escuta mais facilmente as testemunhas do que os mestres, ou se os mestres são ouvidos, é porque são também testemunhas. Que o Espírito Santo possa nos tornar mais críveis e corajosos da nossa fé nesta Europa que tanto necessita, para anunciar que Jesus Cristo é o único que tem palavras de vida eterna. (Agência Fides 31/05/2012)
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