Introdução
O Mês da Bíblia surgiu no Brasil, há 39 anos, por ocasião do 50º aniversário da Arquidiocese de Belo Horizonte. Tem por finalidade, motivar e promover nas comunidades, a leitura, meditação, contemplação e vivência da Palavra de Deus presente na Bíblia e na Vida.
Todos os anos, a Igreja no Brasil e na maioria dos paises da América Latina e do Caribe, comemora o Mês da Bíblia, com estudos de temas bíblicos e celebrações especiais. Para 2010, a CNBB, juntamente com as Instituições da Animação Bíblica da Pastoral, definiu o Livro de Jonas, como texto de estudo do Mês da Bíblia. São muitos os grupos de família, de catequese, das pastorais e dos movimentos, que se reúnem em torno da Palavra, para estudar e rezar a partir do tema do Mês da Bíblia. As iniciativas em vista da sua comemoração culminam com a celebração do Dia da Bíblia, último domingo de setembro.
Ao longo de todo este ano e, de modo especial em setembro, somos convocados/as a estudar e refletir o tema e o lema, inspirados no livro de Jonas: Jonas, Conversão e Missão. “Levanta-te e vai à grande cidade” (Jn 1,2). É um convite a revermos, a partir da leitura do livro de Jonas, nossa prática no desempenho da nossa ação evangelizadora missão na Igreja e no mundo. À luz deste texto bíblico, somos desafiados/as a olhar para a missão, com horizontes amplos, na perspectiva da diversidade étnica, cultural e religiosa, buscando propagar o plano salvífico do Deus de bondade e misericórdia, para toda a humanidade.
Jonas: livro profético ou sapiencial?
Jonas é considerado um livro profético e situa-se entre eles na Bíblia, porque no 2º livro dos Reis, é mencionado um profeta com o mesmo nome: Jeroboão estabeleceu as fronteiras de Israel, desde a entrada de Emat até o mar de Arabá, conforme a Palavra de Javé, o Deus de Israel, anunciada através do seu sevo, o profeta Jonas, filho de Amati, natural de Gat-Ofer (2 Rs 14,25). Isso nos leva a crer que o autor do livro de Jonas deve ter identificado seu personagem principal com esse profeta Jonas, que viveu no tempo de Jeroboão II, que reinou entre 783-743 a.C.
Porém, uma análise atenta do texto, mostra que Jonas difere muito dos escritos proféticos e surgiu num período histórico bem posterior aos proféticos. Enquanto os livros proféticos são solidamente situados no contexto político social tanto de Israel, quanto das nações vizinhas, o livro de Jonas parece sem muita base real. Enquanto os profetas ameaçam os povos pagãos, o livro de Jonas narra a conversão dos pagãos e anuncia a misericórdia de Deus para com os ninivitas, um dos povos mais odiados pelo povo de Israel. Além disso, tanto seu estilo literário quanto o tema, revelam que o livro de Jonas não se identifica com a literatura profética. Portanto, o livro de Jonas é um escrito sapiencial e como tal, não pertence ao gênero histórico, mas ao parabólico, pois é uma espécie de novela ou um conto.
Quando foi escrito o livro de Jonas e qual a sua finalidade?
Segundo a maioria dos estudiosos da Bíblia, o livro teria sido escrito entre 0s anos 400 e 300 a.C, depois do exílio da Babilônia, ocorrido entre 597 a 539 a. C. Os judeus estavam indignados contra os impérios que, sucessivamente os dominavam e se perguntavam porque Deus não tinha, ainda, julgado e castigado os ímpios. O livro de Jonas é uma reação à atitude dos chefes religiosos de Judá, que se fecharam numa postura de fanatismo religioso e nacionalista contra os que não pertenciam à descendência de Abraão, e, portanto, de Israel, conforme revelam os livros de Esdras e Neemias. Eles buscaram separar o povo bíblico de todas as pessoas de origem estrangeira (Ne 9,2). Então, dá até para entender a atitude mesquinha de Jonas, num contexto em que a consciência de ser “povo eleito”, “povo da Aliança” os leva a se fechar numa espécie de vingança. Com isso, parece que os descendentes de Abraão, estavam esquecendo sua vocação e correndo o risco de perder a própria identidade, como povo chamado a ser uma bênção para todas as nações da terra, luz para mundo.
Nesse contexto, o livro quer mostrar que o Deus que abençoou Abraão e nele todos os povos, não quer destruir nenhum povo, mas salvar a todos. Daí a necessidade de anunciar o perdão e a misericórdia de Deus, para aqueles que eles viam como “ímpios”, em vez de aguardar o julgamento de Deus, que sempre dá mais uma chance à possibilidade de conversão, mudança de vida e salvação. Portanto, o livro de Jonas tem como finalidade revelar a misericórdia e o perdão de Javé, para todos, não só para os religiosos e bons. Que ele não é um Deus nacional, mas de toda a humanidade. É o Deus da vida, por isso mesmo, quer que todos se convertam e tenham vida plena e feliz. O Senhor Deus é compassivo para com judeus e pagãos. Sua misericórdia se estende sobre todos, até mesmo sobre o pior império, assírio, representado pela grande cidade de Níneve, que tanto castigou o povo de Israel. Javé é um Deus imprevisível, que se revela a quem ele quer, quando quer; tem piedade e compaixão de quem ele quiser (Ex 33,19) e muda as decisões, a partir da livre decisão do próprio homem, do próprio povo.
Assim, hoje também não temos o direito de discriminar alguém, porque é desta ou daquela religião ou Igreja, pela sua cultura diferente, sexo, e classe social. Somos chamados a acolher o diferente, como Deus acolhe a todos os seus filhos e filhas, criados às sua imagem e semelhança.
Você sabia que Jonas é um dos livros bíblicos mais lidos e comentados? E sua grande popularidade se deve à imagem simbólica do grande peixe que engoliu Jonas e três dias depois o vomitou na praia. Espero que você já esteja bastante motivado/a para a leitura desta grande novela bíblica. Que tal ler atentamente e observar: seu enredo, o cenário geográfico, as imagens usadas pelo autor, os personagens, seus sentimentos, ações e reações. Se quiser, pode anotar o que chamou sua atenção e, de modo especial, o que mais o surpreendeu.
Veja que, por enquanto, apenas apresentamos algumas informações sobre o livro de Jonas. Aguarde os próximos capítulos. Você está convidado a fazer, junto conosco, uma caminhada no estudo do livro de Jonas, parte por parte. Contamos com sua participação.
Aprofunde-se no assunto, utilizando-se destas fontes bibliográficas:
- Nusse Dietlind, “Eu sabia, por isso fugi”, Jonas e a Misericórdia de Deus, CEBI/PE, 2001
- Comissão Episcopal Pastoral para a Animação Bíblico Catequética, Mês da Bíblia 2010, Jonas: Conversão e Missão – “ Levanta-te e vai à grande Cidade”, Edições CNBB, 2010.
- Lopes Mercedes, O Livro de Jonas, Uma história de desencontros de um profeta zangado e um Deus brincalhão, Paulus, 2010.
- Balancin, M. Euclides e Ivo Storniolo, Como ler o Livro de Jonas, Ed. Paulus.
Ir. Teresa Nascimento
http://ciic.dominiotemporario.com/
O Mês da Bíblia surgiu no Brasil, há 39 anos, por ocasião do 50º aniversário da Arquidiocese de Belo Horizonte. Tem por finalidade, motivar e promover nas comunidades, a leitura, meditação, contemplação e vivência da Palavra de Deus presente na Bíblia e na Vida.
Todos os anos, a Igreja no Brasil e na maioria dos paises da América Latina e do Caribe, comemora o Mês da Bíblia, com estudos de temas bíblicos e celebrações especiais. Para 2010, a CNBB, juntamente com as Instituições da Animação Bíblica da Pastoral, definiu o Livro de Jonas, como texto de estudo do Mês da Bíblia. São muitos os grupos de família, de catequese, das pastorais e dos movimentos, que se reúnem em torno da Palavra, para estudar e rezar a partir do tema do Mês da Bíblia. As iniciativas em vista da sua comemoração culminam com a celebração do Dia da Bíblia, último domingo de setembro.
Ao longo de todo este ano e, de modo especial em setembro, somos convocados/as a estudar e refletir o tema e o lema, inspirados no livro de Jonas: Jonas, Conversão e Missão. “Levanta-te e vai à grande cidade” (Jn 1,2). É um convite a revermos, a partir da leitura do livro de Jonas, nossa prática no desempenho da nossa ação evangelizadora missão na Igreja e no mundo. À luz deste texto bíblico, somos desafiados/as a olhar para a missão, com horizontes amplos, na perspectiva da diversidade étnica, cultural e religiosa, buscando propagar o plano salvífico do Deus de bondade e misericórdia, para toda a humanidade.
Jonas: livro profético ou sapiencial?
Jonas é considerado um livro profético e situa-se entre eles na Bíblia, porque no 2º livro dos Reis, é mencionado um profeta com o mesmo nome: Jeroboão estabeleceu as fronteiras de Israel, desde a entrada de Emat até o mar de Arabá, conforme a Palavra de Javé, o Deus de Israel, anunciada através do seu sevo, o profeta Jonas, filho de Amati, natural de Gat-Ofer (2 Rs 14,25). Isso nos leva a crer que o autor do livro de Jonas deve ter identificado seu personagem principal com esse profeta Jonas, que viveu no tempo de Jeroboão II, que reinou entre 783-743 a.C.
Porém, uma análise atenta do texto, mostra que Jonas difere muito dos escritos proféticos e surgiu num período histórico bem posterior aos proféticos. Enquanto os livros proféticos são solidamente situados no contexto político social tanto de Israel, quanto das nações vizinhas, o livro de Jonas parece sem muita base real. Enquanto os profetas ameaçam os povos pagãos, o livro de Jonas narra a conversão dos pagãos e anuncia a misericórdia de Deus para com os ninivitas, um dos povos mais odiados pelo povo de Israel. Além disso, tanto seu estilo literário quanto o tema, revelam que o livro de Jonas não se identifica com a literatura profética. Portanto, o livro de Jonas é um escrito sapiencial e como tal, não pertence ao gênero histórico, mas ao parabólico, pois é uma espécie de novela ou um conto.
Quando foi escrito o livro de Jonas e qual a sua finalidade?
Segundo a maioria dos estudiosos da Bíblia, o livro teria sido escrito entre 0s anos 400 e 300 a.C, depois do exílio da Babilônia, ocorrido entre 597 a 539 a. C. Os judeus estavam indignados contra os impérios que, sucessivamente os dominavam e se perguntavam porque Deus não tinha, ainda, julgado e castigado os ímpios. O livro de Jonas é uma reação à atitude dos chefes religiosos de Judá, que se fecharam numa postura de fanatismo religioso e nacionalista contra os que não pertenciam à descendência de Abraão, e, portanto, de Israel, conforme revelam os livros de Esdras e Neemias. Eles buscaram separar o povo bíblico de todas as pessoas de origem estrangeira (Ne 9,2). Então, dá até para entender a atitude mesquinha de Jonas, num contexto em que a consciência de ser “povo eleito”, “povo da Aliança” os leva a se fechar numa espécie de vingança. Com isso, parece que os descendentes de Abraão, estavam esquecendo sua vocação e correndo o risco de perder a própria identidade, como povo chamado a ser uma bênção para todas as nações da terra, luz para mundo.
Nesse contexto, o livro quer mostrar que o Deus que abençoou Abraão e nele todos os povos, não quer destruir nenhum povo, mas salvar a todos. Daí a necessidade de anunciar o perdão e a misericórdia de Deus, para aqueles que eles viam como “ímpios”, em vez de aguardar o julgamento de Deus, que sempre dá mais uma chance à possibilidade de conversão, mudança de vida e salvação. Portanto, o livro de Jonas tem como finalidade revelar a misericórdia e o perdão de Javé, para todos, não só para os religiosos e bons. Que ele não é um Deus nacional, mas de toda a humanidade. É o Deus da vida, por isso mesmo, quer que todos se convertam e tenham vida plena e feliz. O Senhor Deus é compassivo para com judeus e pagãos. Sua misericórdia se estende sobre todos, até mesmo sobre o pior império, assírio, representado pela grande cidade de Níneve, que tanto castigou o povo de Israel. Javé é um Deus imprevisível, que se revela a quem ele quer, quando quer; tem piedade e compaixão de quem ele quiser (Ex 33,19) e muda as decisões, a partir da livre decisão do próprio homem, do próprio povo.
Assim, hoje também não temos o direito de discriminar alguém, porque é desta ou daquela religião ou Igreja, pela sua cultura diferente, sexo, e classe social. Somos chamados a acolher o diferente, como Deus acolhe a todos os seus filhos e filhas, criados às sua imagem e semelhança.
Você sabia que Jonas é um dos livros bíblicos mais lidos e comentados? E sua grande popularidade se deve à imagem simbólica do grande peixe que engoliu Jonas e três dias depois o vomitou na praia. Espero que você já esteja bastante motivado/a para a leitura desta grande novela bíblica. Que tal ler atentamente e observar: seu enredo, o cenário geográfico, as imagens usadas pelo autor, os personagens, seus sentimentos, ações e reações. Se quiser, pode anotar o que chamou sua atenção e, de modo especial, o que mais o surpreendeu.
Veja que, por enquanto, apenas apresentamos algumas informações sobre o livro de Jonas. Aguarde os próximos capítulos. Você está convidado a fazer, junto conosco, uma caminhada no estudo do livro de Jonas, parte por parte. Contamos com sua participação.
Aprofunde-se no assunto, utilizando-se destas fontes bibliográficas:
- Nusse Dietlind, “Eu sabia, por isso fugi”, Jonas e a Misericórdia de Deus, CEBI/PE, 2001
- Comissão Episcopal Pastoral para a Animação Bíblico Catequética, Mês da Bíblia 2010, Jonas: Conversão e Missão – “ Levanta-te e vai à grande Cidade”, Edições CNBB, 2010.
- Lopes Mercedes, O Livro de Jonas, Uma história de desencontros de um profeta zangado e um Deus brincalhão, Paulus, 2010.
- Balancin, M. Euclides e Ivo Storniolo, Como ler o Livro de Jonas, Ed. Paulus.
Ir. Teresa Nascimento
http://ciic.dominiotemporario.com/
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