O
Natal é também festa da criança. Jesus fez a experiência de ser criança pobre,
na periferia, com submissão aos pais, crescendo em idade, sabedoria e graça
numa família. Deus veio ao mundo não como guerreiro, nem como rei ou imperador.
Escolheu o caminho da família, acolhemos o Menino Jesus.
Benditos
são as casais estéreis que tudo fazem para engravidar. Reconhecidos e
agradecidos sejam todos que praticam a adoção de adultos e crianças.
Bem-aventurados os que não impedem a criança de nascer e respeitam este direito
fundamental dos nascituros. Nossa gratidão se estenda à Pastoral da Criança, do
Menor, dos Coroinhas, da Infância Missionária, do Apoio às Gestantes, da
Primeira Eucaristia.
Hoje,
o mundo nos surpreende com a diminuição de nascimentos e a “síndrome do filho
único”. As famílias estão tendo menos filhos. Todos fomos enganados pelo
mercado e pelo consumismo. A criança se tornou um sinal dos tempos”. De um
lado, vemos as crianças-soldado, aprendendo manusear o fuzil, de outro lado o
inseparável celular se tornou um ídolo perigoso. Cria a dependência doentia das
crianças. Criança precisa de precisa de presença e não só de presentes.
O
menino encontrado morto numa praia da Turquia chocou o mundo inteiro. Qual será
o futuro das crianças migrantes? O Papa Francisco fala da “via-sacra dolorosa”
das crianças: pedofilia, tráfico, trabalho escravo, agressão. O mundo
civilizado ainda repete a crueldade de Herodes. As crianças são vitimas dos
adultos, do sistema econômico, das guerras e de um mundo sem coração, sem
vergonha, sem compaixão, sem Deus.
Uma
sociedade é julgada pelo modo como tratas as crianças. Toda criança nasce para
tornar o mundo melhor, para enriquecer o encontro das gerações, para ser um bem
da família, da comunidade e do mundo. Uma sociedade sem criança é doentia,
triste e cinzenta, diz o Papa Francisco. Estamos pagando muito caro pela adesão
à mentalidade anti-natalista. Sem esquecer que o filho único não é a melhor
solução, assim dizem os psicólogos e estudiosos.
Criança
quer dizer vida, esperança, futuro, alegria. Ela é memória de um amor que a
gerou. Um adulto não entra no reino de Deus se não tiver um coração de criança.
Não proibamos as crianças de nascer, de conhecer Jesus, de ser carregadas ao
colo, de receber o leite materno, de ter irmãozinhos. “Deixai vir a mim as
criancinhas” ordenou Jesus.
Ele
nos ensina que os anjos das crianças contemplam o rosto do Pai que está nos
céus. O melhor que podemos dar às crianças é o carinho, a disciplina, a fé, a educação,
a presença e o amor. Cresce saudável a criança que percebe o amor entre o pai e
a mãe. Não esqueçamos que a vida intrauterina e a infância são as etapas que
mais marcam nossas vidas. Que seja também curada a criança ferida que mora
dentro de cada um de nós.
O
Natal é uma excelente chance de evangelização das crianças através do presépio
e do Menino Jesus. Papai Noel é para o mercado, o Menino Jesus nasceu pobre,
humilde e na periferia. Ele é o centro e a estrela do Natal. Filho de Deus está
entre nós. Veio por intermédio da família se fez feto, embrião, nascituro,
criança.
O
tempo do Advento simboliza o tempo da gestação de Jesus no seio de Maria. Sejam
acompanhadas, ajudadas, abençoadas as mães grávidas. Natal é a festa da vida, é
o aniversário natalício de Jesus em Belém, o salvador do mundo. É hora de
renascer, de começar sempre de novo, de refazer nossa vida. A infância
espiritual é sinal da maturidade da fé. Entendemos por infância espiritual a
humildade, o desapego, a pobreza evangélica, a pureza do coração.
Tornar-se
pequeno como uma criança é a exigência central do reino de Deus. Trata-se de
abdicar do poder, da arrogância, da fama, das aparências, dos interesses
egoístas. Ser como criança que dizer antes de tudo humildade da qual brotam
atitudes de descentralização, desapego, pobreza evangélica. Longe de nós a
mentalidade de privilégio, autoritarismo, exclusão, dominação. A manjedoura de
Jesus abalou o trono de Herodes. Herodes caiu, Jesus permanece.
Orlando
Brandes
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