segunda-feira, 14 de maio de 2012

Nazaré: lugar da casa de Jesus!


“Minha morada é a casa de Javé por dias sem fim...”.

Salmo 23




Com as sandálias nos pés, firmes no caminho com os/as jovens e no seguimento
de Jesus, estamos em Nazaré e neste mês de março, dentro da quaresma – tempo de
converter na direção do Reino, queremos conversar sobre a Casa. Sobre a casa de
Jesus, sobre a casa dos/as jovens, sobre a casa que somos e que somos chamados/as a
ser. Queremos conversar sobre a casa enquanto casa e sobre a casa enquanto corpo.

A casa é um espaço fundamental no processo e na vida de todas as pessoas.
Assim foi com Jesus. Assim é com cada um/a de nós. Não obstante, Jesus tem uma
preferência por estar na casa das pessoas, ou seja, estar próximo, estar no cotidiano,
estar naquilo que é mais simples e profundo da vida. Sua missão o fez assim certamente
porque sua experiência em Nazaré fora profundamente em sintonia com o povo da
época.

A casa marca fundamentalmente nossa existência. É nela em que se vive muitas
experiências que nos marcam pra toda a vida. É nela que estabelecemos relações, é
nela que comemos, que sentamos a mesa, que partilhamos a vida, os saberes e as dores.

Como era a casa de Jesus? Será que conseguiríamos imaginar ou contemplar a
casa de Maria, José e Jesus? Jesus tinha um quarto? Como era seu quarto? Qual a
disposição da casa? Onde eles comiam? Se sentavam no chão? Existia mesa? O que
Jesus foi vivendo e aprendendo em sua casa?

José Pagola nos ajuda a pensar o contexto dizendo que certamente “Jesus viveu
numa humilde casa e captou cada detalhe da vida de cada dia. Sabe o melhor lugar
para colocar um candeeiro, viu as mulheres varrendo o chão pedregoso com uma folha
de palmeira, passou várias horas no pátio da casa e sabe o que as pessoas vivem em
seus dramas e alegrias diárias. Viu como sua mãe e vizinhas preparam a massa do pão
com um punhado de fermento, observou-as remendando roupa...”.

O monge Marcelo Barros também nos inspira a pensar na casa de Jesus. “As
descobertas arqueológicas apontam que as construções eram geralmente feitas de
pedra, de tijolos e, às vezes, madeira. As casas mais pobres constavam de um cômodo e
tinham apenas um andar. A parte superior das casas era constituída por um terraço,
cercado de parapeitos, ao qual era possível subir por uma escada exterior. Durante o
dia, eram utilizados para secar as roupas ou os cereais e, nas noites quentes, para
descansar ou dormir. As casas mais ricas chegavam a ter dois andares, poço, tanques e,
às vezes, piscina. Logo na entrada ficava a sala de visitas e, ao lado desta, o quarto dos
hóspedes e dos donos da casa. Mais adiante, as acomodações dos servos, a cozinha, a
despensa. No segundo andar, os cômodos dos filhos e, quando não era embaixo, o dos
donos da casa. As portas eram estreitas e baixas. Havia poucas janelas, sem vidro”.

No tempo de Jesus, comia-se uma grande refeição ao dia. A base da
alimentação era farinha, azeite e vinho. Perto do lago, muito peixe e, nas festas, carne,
principalmente de cabra, assada ou cozida na água. Além disso, pão, leite, queijo,
manteiga, mel, legumes, lentilha, cebola, alho, pepino, repolho, couve-flor, amêndoas,
cominho e coentro. As frutas eram uvas, figos, tâmaras e pêssegos. Todos dizem que
Jesus gostava muito de comer.

Pensar na casa de Jesus nos faz pensar também nas nossas casas e nas casas
dos/as jovens. O que vivemos em nossas casas? Como nossas casas estão organizadas?
O que nossas casas nos ensinam? Onde é o espaço de comer e de partilhar? Pensar na
casa de Jesus, nas nossas casas e na casa dos/as jovens noz faz pensar também nos que


não tem casa, nas inúmeras pessoas que tem esse direito fundamental e humano
negado, nos/as milhares de jovens que não tem casa, nos/as jovens que foram expulsos
de suas casas pelo mais diferentes motivos e nos/as milhares de jovens que não tem esse
espaço sagrado e fundamental na vida de todos/as.

Revitalizar nossa ação com os/as jovens, como Igreja, será ir e encontrar-nos com
os/as jovens em suas “casas” propriamente ditas ou em seus espaços feitos casa, bem
como encontrar com os/as jovens que não tem casa. Nos passos de Jesus, que se fez
depois um “sem casa” fazendo do mundo sua casa, devemos também nós estar e ser
presença evangélica e missionária junto a juventude.

Para além da casa como casa, cada um/a é uma casa como corpo. Nossos
corpos são casas. Somos casas de nós mesmos, mas casas também do Divino. Olhar
os/as jovens em sua diversidade aceitando-os e assumindo-os como realidade teológica
será dar-nos conta de centenas de milhares de casas (cada casa a seu estilo, jeito,
expressão, organização, forma, etc...) abrigando vidas, sonhos, utopias, medos, desejos;
abrigando Deus. Cada um/a é uma casa de si mesmo (na inteireza do que cada um/a
é), mas também casa de Deus.

Os/as jovens durante a juventude vão descobrindo seu corpo, vão descobrindo a
casa que é e o que nela cada um/a abriga. Jesus, em Nazaré viveu isso. Os/as jovens
também vivem isso. Assumir a opção preferencial pelos/as jovens e revitalizar nossa ação
com eles/as será dar-nos conta dessa descoberta. Dar-nos conta disso será romper e
negar toda forma de preconceito, discriminação, moralismo e opressão que destroem e
machucam “as casas” dos/as jovens.

Como Pastorais da Juventude, no seguimento a Jesus, revitalizando nossa missão
com a juventude devemos assumir, crer e viver a juventude como realidade teológica e
a diversidade juvenil como expressão das manifestações do Deus da Vida falando-nos,
escutando-nos e vivendo na juventude.



Desde as casas que somos e
que habitamos, assumindo o
mundo como nossa grande
casa, com as sandálias nos
pés, sigamos no compromisso
da doação da vida pela vida
da juventude, nos passos do
Jovem de Nazaré...



Abraços Fraternos,

Pe. Maicon André Malacarne – Assessor da PJ da Diocese de Erechim

Luis Duarte Vieira – Militante da PJ e Vocacionado Jesuíta

Gabriel Jaste – Membro da Coordenação Nacional da PJ pelo Regional Leste 1

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