segunda-feira, 18 de julho de 2011

Voluntariado: Reflexão para o mês de Julho


“Sempre haverá sofrimento que precise de amor e ajuda” Bento XVI

O sofrimento faz parte da condição actual do homem, como indica já o livro do Génesis (3, 19): “Comerás o pão com o suor do teu rosto, até que voltes à terra de onde foste tirado…”. O tema do sofrimento está presente em toda a história da salvação e, mais ainda, em toda a história dos povos e culturas. Na Bíblia, as páginas mais trágicas e sábias encontramo-las no livro de Job como resposta à pergunta sempre nova e sempre antiga sobre o sofrimento do justo.

Do sofrimento ou paixão de Jesus tratam os quatro evangelhos. A Bíblia não elabora uma visão ascética nem moralista do sofrimento do homem, mas integra-o dentro da experiência de solidariedade e comunicação pessoal na linha da revelação de Deus e da paixão de Jesus.

O sofrimento faz parte da natureza humana e não é consequência do pecado como alguns o apresentam sempre. O sofrimento faz parte da natureza em geral porque ela tem os seus limites, uns inerentes á própria natureza outros provocados pelo homem, pela sociedade ou por fenómenos naturais que atingem a pessoa humana. Perante esses limites, as pessoas podem ter atitudes positivas ou negativas: podem enfrentar os problemas e muitas vezes aliviá-los ou conseguir que desapareçam.
Há pessoas que sofrem as injustiças humanas derivadas de leis injustas ou da má distribuição das riquezas: os direitos ao emprego, à saúde, à cultura, à habitação, etc. Há outras que sofrem por causa dos fenómenos da natureza: terramotos, vulcões, inundações, etc. Há o sofrimento causado por uma desgraça familiar, pelas doenças ou pela solidão que a vida apresenta.
Mas vejamos alguns exemplos que podem iluminar uma situação social muito corrente na actuação política de alguns Estados. Os conflitos regionais ceifaram cerca de 17 milhões de vidas em menos de meio século. «Nos anos 80, o total mundial das despesas militares atingiu um nível sem precedentes em tempos de paz; avaliadas em um trilião [mil biliões] de dólares [por ano], representam cerca de cinco por cento do total dos rendimentos mundiais». É necessário recordar a importância e a urgência que todos os responsáveis políticos e económicos têm de agir de maneira que estas enormes quantias destinadas à morte, tanto no hemisfério Norte como no hemisfério Sul, passem a sê-lo em prol da vida. Tal atitude corresponderia às motivações morais favoráveis a um desarmamento progressivo; dar-se-ia, assim, a ocasião para tornar disponíveis importantes recursos financeiros a favor dos países em vias de desenvolvimento, indispensáveis para o seu progresso autêntico.

Uma «estrutura de pecado» particularmente tenaz é a exportação de armas, superior às necessidades legítimas de autodefesa dos países compradores, ou destinadas a traficantes internacionais, que propõem hoje em catálogos, àqueles que dispõem do poder de compra, as armas mais sofisticadas. Neste campo, prospera a corrupção, mas o mal é ainda mais profundo. Podemos congratular-nos com os governos que, tendo alcançado o poder, após regimes que haviam empenhado os seus países em compras de armas que superavam enormemente as próprias necessidades, tiveram a coragem de denunciar tais contratos, correndo inclusivamente o risco de não poder mais contar com a boa vontade dos países exportadores.

Este é um exemplo de sofrimento para muitos povos e pessoas que não é novo, mas não dá sinais de parar. Estão em jogo muitos milhões de pessoas. Podemos ficar indiferentes perante tanto sofrimento que produz mortes, fome, refugiados e insegurança das pessoas?

Uma atitude do voluntário ou voluntária seria denunciar ou então unir-se a tantas redes sociais para consciencializar sobre situações que atingem muitas pessoas e associar-se a campanhas de alfabetização, luta contra a fome, etc.

E não esqueçamos as pequenas e grandes situações que existem ao nosso redor: pessoas sozinhas, enfermos que precisam de pequenas ajudas, gente que sofre desgraças imprevistas e agradeceriam companhia. Como diz Bento XVI: “Sempre haverá sofrimento que precise de amor e ajuda”. Perto e longe, grande ou pequeno, porque o amor não tem dimensões e é sempre mais expansivo e intensivo. Quanto mais se ama, mais se quer amar.

Pe. Ramón Cazallas
O livro com as reflexões, do Pe. Ramón, para o tema anual pode ser adquirido em qualquer centro ou comunidade dos Missionários ou Missionárias da Consolata. Adquira-o já!

Fonte: http://consolata.pt/site/index.php?option=com_content&task=view&id=1272&Itemid=94

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