sexta-feira, 20 de maio de 2011

A IMPORTÂNCIA MISSIONÁRIA DA CRIANÇA

PONTIFICIUM OPUS A SANCTA INFANTIA

Vida da Infância Missionária


A IMPORTÂNCIA MISSIONÁRIA DA CRIANÇA
ENTREVISTA COM O SECRETÁRIO-GERAL
DA INFÂNCIA MISSIONÁRIA, PE. PATRÍCIO BYRNE, S.V.D.

1. Daqui a dois anos, a Infância Missionária completará 160 años de fundação. Durante todo este tempo, houve alguma mudança na situação da infância?

Existem dois tipos de situação, porque devemos distinguir entre países pobres e nações mais desenvolvidas. Na sua época - estamos falando do ano de 1843 - Mons. De Forbin Janson combateu contra a situação de pobreza terrível das crianças órfãs na China. Na minha opinião, talvez a questão da infância hoje seja pior que naquela época. Seria bonito poder dizer que a situação mudou muito desde então, mas nós que trabalhamos na Sede internacional sabemos que a infância continua a sofrer enormemente. A situação de pobreza física é terrível nos países do Terceiro Mundo. Por outro lado, testemunhamos um grande desenvolvimento nos países do Primeiro Mundo. Nas nações desenvolvidas as crianças têm acesso à assistência médica, à escola, à recreação, etc. Mas talvez se chegue ao extremo oposto, no sentido de que vemos as crianças dos países ricos viverem em tal superabundância, a ponto de criar problemas. Problemas de aborrecimento, de não ter que fazer qualquer esforço, de não encontrar um sentido para a vida. Sentimo-nos felizes pelo fato de que melhorou a situação material das crianças em muitos países do Primeiro Mundo, mas temos que fazer um esforço enorme para obter uma mudança na situação das crianças da África, da Ásia e da América Latina.


2. Hoje em dia fala-se muito da missionariedade de toda a Igreja. Poder-se-ia dizer que a Infância Missionária antecipou mais de 100 anos esta abertura, dando às crianças uma responsabilidade missionária?

A iniciativa de Mons. De Forbin Janson foi maravilhosa porque, quem é que pensava nas crianças, nessa época, quem é que pensava em dar-lhes a possibilidade de servir o ideal missionário da Igreja? Tratou-se realmente de uma idéia brilhante, oferecer às próprias crianças a possibilidade de ser missionárias, de pensar em termos missionários. Sabemos que nessa época Mons. De Forbin Janson falou com Paulina Jaricot, a fundadora da Obra da Propagação da Fé, porque pensava que as crianças podiam ser a parte infantil dessa Obra, mas Paulina - e na minha opinião foi uma decisão sábia - sugeriu-lhe que formasse outra Instituição; assim, Mons. De Forbin Janson fundou a Infância Missionária. Com muita antecipação, Mons. De Forbin Janson vislumbrou a enorme possibilidade que as crianças têm de trabalhar pelo Evangelho em todas as regiões do mundo. E não se trata unicamente de uma concessão, mas de uma responsabilidade missionária. As crianças têm o o seu lugar na Igreja. O Papa recorda-nos com insistência que as crianças são os seus pequenos grandes colaboradores, e não somente o futuro da Igreja, mas também o seu presente.


3. O testemunho de uma criança pode chegar com mais facilidade ao coração de um adulto, que o testemunho de outros adultos?

Creio que sim. Há dois anos, quando celebramos o COMLA VI - o Congresso Missionário Latino-Americano - em Paraná (Argentina), que normalmente reúne cerca de 3.000 delegados adultos, pela primeira vez incluímos também 300 crianças. Consideramos sempre a predileção de Jesus pelas crianças, como quando dizia aos Apóstolos: "Deixar vir a mim as criancinhas, porque delas é o Reino dos Céus" (Mt 19, 14).


4. Sabemos que uma das Assembléias mais importantes da Infância Missionária é o Encontro Latino-Americano da Infância Missionária (ELIM), que a partir de agora se chamará ECIAM. Por que esta mudança e o que ela significa?

Desde há muito tempo, na América Latina estão a ser realizados encontros da Infância Missionária. No próximo ano vamos realizar na Costa Rica aquele que deveria ser o IV ELIM (Encontro Latino-Americano da Infância Missionária), mas que na realidade é o I ECIAM, ou seja, o primeiro Encontro Continental da Infância e da Adolescência Missionária, porque agora contamos com a presença do Canadá, dos Estados Unidos da América, do Caribe anglófono e de Haiti. Além disso, escolhemos como tema a adolescência missionária, e isto porque muitos dos adolescentes que participam no movimento missionário da Igreja foram membros da Infância Missionária, e muitos dos adolescentes e dos jovens missionários trabalham com a infância como animadores. Então, pensamos que seria bom atribuir-lhes a devida importância, aprofundando toda a parte psicopedagógica e procurando ajudá-los a compreender a preciosa contribuição que oferecem e que podem continuar a dar também no futuro.


5. Sabemos que as Escolas de Animadores Missionários (ESAM) surgiram na América Latina. É justo dizer que nestes momentos estão crescendo também na África e na Ásia?

Com efeito, as Escolas de Animadores Missionários foram por nós experimentadas primeiro na América Latina, mas temos visto que elas estão otendo bom êxito inclusive na Ásia e na África, porque basicamente a ESAM é uma escola que nos absorve, nos torna partícipes e solidários. Os próprios Diretores Nacionais nos falam do êxito destas escolas. Querem fazer mais, e fazem-no, a níveis nacional, diocesano e paroquial. Esperamos grandes frutos delas.


6. Para quem é que se deve dirigir a Infância Missionária, a fim de a revigorar: os Bispos, os párocos, as crianças?

Diria para todos. Porém, sobretudo para as crianças, que são as protagonistas da Infância Missionária. Obviamente, se os párocos e os Bispos estiverem convencidos do poder que as crianças têm de exercer influência nas outras crianças, nos seus próprios pais, etc., ou seja, se eles se converterem para este ideal de reservar um lugar para as crianças, já podemos considerar a batalha mais ou menos vencida.

Graças a Deus, creio que nos últimos anos estamos testemunhando uma mudança de atitude. Durante as minhas viagens, vejo que existem muitos Bispos, párocos e agentes pastorais que demonstram um grande interesse pela infância em geral e pela Infância Missionária em particular, a tal ponto que depois de criar muitas escolas e centros de trabalho com sacerdotes, religiosos, religiosas e leigos, agora um grupo de Bispos da Ásia quer fundar uma escola para eles mesmos. Por isso, em setembro vamos criar no Sri Lanka a primeira Escola de Animadores Missionários para Bispos.


7. Qual é a sua mensagem final para as crianças?

Seguindo o exemplo do Santo Padre, estamos persuadidos do valor das crianças. Peço-lhes que sempre tenham em conta este grande sonho do nosso fundador Mons. De Forbin Janson: as crianças podem ajudar-se a si mesmas e as outras crianças. Especialmente as que sofrem por causa da pobreza ou porque não conhecem Cristo, ou ainda por estes dois motivos: são pobres e não conhecem Cristo. Durante o ano jubilar, vimos que o primeiro ato do Papa foi o encontro com as crianças. O Jubileu das Crianças deu início às demais celebrações jubilares dos sacerdotes, bispos, desportistas, etc. Agora, as crianças sabem que são importantes, mas têm que expressar esta importância com atos concretos, fazendo-se missionárias nas suas respectivas cidades e realidades.


Fonte: http://www.vatican.va/roman_curia/congregations/cevang/p_missionary_works/infantia/documents/rc_ic_infantia_doc_20011025_boletin9p6_po.html

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